sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Vamos falar de ansiedade?

O texto a seguir é extenso e destinado a pessoas que buscam algum tipo de conforto, apoio e/ou encorajamento.
Olá, meu nome é Dayna Taína Shockness dos Santos, tenho 20 anos, moro na cidade de Ji-Paraná no estado de Rondônia, estou no oitavo período de Psicologia e sou diagnosticada com Síndrome do Pânico (acho irônico isso e muitas vezes me pego rindo amargamente). Por que estou escrevendo isso? Além de me sentir bem escrevendo sobre qualquer tipo de coisa, penso talvez isso possa servir de consolo, apoio ou incentivo para quem passa pelo mesmo problema que eu. 
Bom, tudo começou em outubro de 2014 quando tive meu primeiro ataque de pânico. Começou assim que eu acordei, uma sensação estranha de que algo estava errado, que algo ruim iria acontecer e que eu iria morrer, começou com uma coisinha pequena, tipo um balão que foi se enchendo aos poucos, até que no meio da tarde P-O-W estourou, eu chorava, pensava que iria enlouquecer, me sentia inquieta, nada que eu fazia me acalmava, até que mesmo inquieta eu me deitei e adormeci, Acordei com a mesma sensação como se eu tivesse bebido muito e estivesse ressaqueada. À noite quando fui para faculdade, relatei o ocorrido ao meu professor e ele disse que se tratava de um ataque de pânico, comum quando se passa por algum evento estressor (na noite anterior ao ataque, eu dirigi pela primeira vez, na época eu tinha pavor de dirigir) o que naquele momento explicava o que me aconteceu. 
Mas não parou por aí, em 2015 as coisas pioraram, eram crises ansiosas em cima de crises ansiosas, a sensação que iria morrer em breve me atormentava de tal forma, que qualquer sintoma, até mesmo uma dorzinha simples de cabeça já me fazia sair do controle e entrar em crise. Fiz psicoterapia na faculdade onde estudo, tomei fitoterápicos, por algumas semanas resolveu, mas depois voltou tudo de novo, ainda pior. Eu já não sabia mais o que fazer, quase todos os dias eu chorava atormentada com o peso no peito, a sensação de sufocamento, a sensação de perda da realidade e o sentimento de estar enlouquecendo, tudo que me dava prazer deixou de fazer algum sentido, ler, sair com meus amigos, ir para academia. Até que em outubro... Novamente outubro tudo piorou, as crises se intensificam, até pensamentos suicidas passavam pela minha cabeça e devo admitir que a vontade era muito grande. O que me dava forças para vencer esses pensamentos, era minha mãe, meus amigos, concluir minha faculdade e dar orgulho ao meu pai onde quer que ele esteja. (Meu pai faleceu de câncer, em 29 de outubro de 2013). Depois tantas crises, conflitos com minha mãe por ela não saber o que fazer, passei quinze dias em episódio depressivo, passava parte do tempo deitada e dormindo, não queria levantar, quando levantava, eu começava a chorar, eu já sou magra, emagreci ainda mais. Passou-se sozinhas as crises ansiosas e os episódios depressivos, fiquei meses em paz, 2015 pra mim foi um ano pesado e complexo. Achei que estava "curada".
Em 2016 não me recordo o mês, mas foi logo no começo, tudo começou de novo, mas dessa vez com o triplo de força, as crises que antes só me faziam me encolher e chorar, começaram a me fazer perder as forças das pernas, me fazia gritar, puxar meus cabelos, às vezes eu até me arranhava para me concentrar na dor da carne ao invés da dor de dentro, sentia cada vez mais que estava enlouquecendo, sentia que me realidade estava me escapando entre os meus dedos, a vontade de me matar, de findar esse sofrimento gritava forte em minha cabeça, eu sentia como se eu fosse duas, a estranha que estava surtando do lado de fora e eu, Dayna estava presa dentro de mim, acorrentada, assistindo aquela cena de horror sem poder fazer absolutamente nada. Me sentia sozinha, abandonada, minha mãe não me entendia, brigava comigo, se irritava, na época eu sentia tristeza e raiva, porém hoje eu compreendo que ela estava se sentindo tão assustada e perdida quanto eu, talvez o sofrimento dela fosse maior que o meu, pois ela me via naquele estado e nada podia fazer, brigar, mandar eu me levantar, era o jeito torto que ela encontrava para tentar me encorajar a me reerguer. 
Com a piora das crises, deixei de sair, deixei de estudar, ia para faculdade só para ganhar presença, mais crises, mais intensas e com elas veio o tormento de não querer mais ir para faculdade. (Estudo em uma faculdade em uma cidade vizinha a que moro, logo vou de ônibus junto com outros estudantes). Cada vez que eu entrava no ônibus me doía a cabeça, me embrulhava o estômago, me atacava a gastrite (até gastrite nervosa desenvolvi por conta da ansiedade) quase sempre eu chorava quando chegava na faculdade. Até que um dia sai para ir para aula com aquela sensaçãozinha que já conheço muito bem, mas tentei não me importar. Suportei firme até que não aguentei mais, tive uma crise no meio de uma prova, dei um jeito de vir embora para casa, era uma quinta-feira, fiquei em crise até terça, foi quando já saturada minha mãe me levou a um psiquiatra, contei minha história e ele me deu o diagnóstico de Síndrome do Pânico, falou que não tem causas exatas, mas pode estar relacionado a traumas muito grandes que as pessoas podem sofrer. No meu caso, pode ter sido a morte do meu pai, a forma como eu recebi a notícia... Veja só algo que aconteceu em 2013 vindo refletir agora.
No momento estou fazendo somente tratamento medicamentoso, porém pretendo conciliar com psicoterapia. Comecei meu tratamento há três semanas, ainda estou me adaptando ao remédio, não é num passe de mágica que a ansiedade passa e as crises desaparecem, é normal as crises se intensificarem nas primeiras semanas, algumas reações orgânicas, mas faz parte do tratamento é o corpo se adaptando ao tratamento. Hoje minha mãe entende meu problema e me apoia, na faculdade as pessoas aos poucos estão se conscientizando do que tenho, meus amigos, apenas os mais íntimos sabem e meu namorado... Ah, o meu namorado, para os que acreditam dizem que Deus não te dá um fardo maior que você não pode carregar, hoje acredito fielmente nisso, pois foi no auge das minhas crises que ele me apareceu, me ouviu, me acolheu em cada momento, me abraçou, me deu força e total apoio, a ele eu dedico todo meu amor e gratidão, pela paciência e cuidado, além de seus infinitas qualidades que poderia passar vidas escrevendo aqui. 
Enfim, escrevi isso para tentar encorajar pessoas como eu a procurar ajuda enquanto está no começo, não espere as coisas saturarem, não sinta vergonha de ir a um psicólogo, a um médico psiquiatra, não se envergonhe de assumir o que tem. Procure ajuda, procure apoio, nem que seja de alguém só para te ouvir, só não se cale e nem sofra sozinho! Ansiedade é sério, ansiedade não é frescura e o mais importante, ansiedade tem tratamento. :) 

3 comentários:

  1. Olá Dayna, tenho 23 anos e também sofro de síndrome do panico desde os 13 anos, a primeira crise foi rápida durou algumas semanas, a sensação de que ia morrer, de tudo ia desmoronar aos meus pés,depois passou, em 2011 logo quando terminei o ensino médio, passei um ano de sofrimento absoluto, não me sentia em paz em lugar nenhum, ficava longos períodos sem sair de casa, messes, acabou passando e em 2012 fui retomando as coisas, até que em 2015 tudo voltou a sensação de desamparo,medo, ansiedade, meus músculos ficavam tensos e mal respirava, só que dessa vez decidi ir atrás de uma solução, tenho feito tratamento desde de agosto passado e hoje estou bem melhor, terapia ajuda demais, força nessa jornada. Ás vezes parece que não tem como fugirmos de uma situação, que tudo desmoronará, mas acredite tudo passa um dia.

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  2. Oi Cyntia, fico feliz que tenha lido, só quem passa pela mesma situação que nós, pode compreender! E vamos seguir acreditando, tudo passa. Forte abraço. :]

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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